NOTÍCIAS
Hong Kong deixa de exigir redesignação sexual para retificação de documentos de pessoas trans
08 DE FEVEREIRO DE 2023
Em vitória para movimento LGBTQIA+, Justiça decidiu que obstáculos a alterações formais são inconstitucionais
O Supremo Tribunal de Hong Kong derrubou nesta segunda (6) uma medida que impedia pessoas trans de retificar o gênero em documentos a não ser que elas se submetessem a cirurgias de redesignação sexual.
Por unanimidade, a instância jurídica mais alta do território definiu a política como inconstitucional e violadora de direitos. “A consequência é colocar pessoas no dilema de ter que decidir entre sofrer violências constantes ao seu direito de privacidade ou se submeter a cirurgias altamente invasivas e medicamente desnecessárias, o que infringe o direito delas à integridade do corpo”, afirmaram os juízes.
O processo foi iniciado pelo ativista trans Henry Tse e outro homem trans identificado apenas pela letra Q depois que ambos foram impedidos de retificar seus documentos de identidade em Hong Kong.
Eles passaram por acompanhamento psiquiátrico, tratamentos hormonais e procedimentos cirúrgicos como mastectomia, mas os responsáveis pelos registros civis exigiram a cirurgia de redesignação sexual para autorizar a alteração formal de gênero nos documentos —o que foi recusado pela dupla.
“O resultado de hoje é justiça feita com atraso, uma vitória de Pirro. Este caso nem devia ter acontecido”, afirmou Tse, ativista da ONG Transgender Equality Hong Kong em comunicado após a decisão. “Vou continuar a trabalhar para plantar a semente do movimento pelos direitos das pessoas trans. Acredito que algum dia teremos sucesso e receberemos o arco-íris de braços abertos.”
“Agora tenho minha identidade como homem, e vai ser muito mais fácil acessar espaços segregados por gênero. Não serei mais questionado e humilhado por ser colocado para fora devido à discrepância entre minha carteira de identidade e quem eu sou”, afirmou Tse.
Há 25 anos devolvida à China após um século e meio sob domínio britânico, Hong Kong tem visto crescer a repressão política exercida por Pequim no território, a despeito do arranjo “um país, dois sistemas”, adotado para garantir algum grau de autonomia e de liberdades no território.
No ano passado, o chefe-executivo honconguês, John Lee, reforçou a submissão da ilha ao regime chinês, destacando a segurança nacional como uma de suas prioridades. Lee foi chefe de segurança entre 2017 e 2021 e um dos responsáveis por endurecer a repressão aos movimentos pró-democracia na região.
O cerco das autoridades, exercido em toda a China continental, tem reforçado também proibições relativas aos costumes, o que vai de encontro à decisão da corte honconguesa desta segunda-feira.
Nos últimos anos, autoridades de Pequim têm adotado expressões como “moralmente corrupto” para se referir a celebridades que não se adequem a comportamentos heteronormativos, inclusive censurando séries como a americana “Friends” em cenas que tocassem no assunto. Em 2021, orientações sobre a forma como artistas deveriam se comportar passaram a ser adotadas oficialmente para garantir que eles “observem a moralidade social”, e homens considerados “afeminados” teriam menos exposição na mídia.
Fonte: Folha de S.Paulo
Outras Notícias
Portal CNJ
Inscrições abertas para 2ª edição do Prêmio da Memória do Judiciário
02 de dezembro de 2022
Já está disponível formulário on-line para inscrição na 2ª edição do Prêmio CNJ Memória do Poder...
Portal CNJ
CNJ Serviço: crianças de 0 a 6 anos são prioridade da Política Judiciária para Primeira Infância
02 de dezembro de 2022
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instituiu, por meio da Resolução n. 470, publicada em setembro de 2022, a...
Portal CNJ
Copa do Mundo: CNJ atualiza portaria sobre atendimento ao público na segunda (5/12)
02 de dezembro de 2022
Com a classificação do time do Brasil para as oitavas de final da Copa do Mundo, o Conselho Nacional de Justiça...
Portal CNJ
Seminário aborda impactos da litigância predatória sobre vulneráveis e sobre a democracia
01 de dezembro de 2022
As estratégias de litigância predatória e as medidas que o Judiciário brasileiro tem adotado para enfrentar essa...
Portal CNJ
Tribunais apresentam boas práticas para combater litigância predatória
01 de dezembro de 2022
As milhares de ações judiciais baseadas em conflitos falsos ou artificiais que sobrecarregam o Poder Judiciário...